Falando com as pessoas sobre a cultura de Santa Catarina, é muito comum ouvir algo dos manezinhos do litoral e da cultura gaúcha do resto do estado, a qual eu discordo prontamente porque apesar do chimarrão o meio oeste de Santa Catarina está voltado muito mais para o Paraná do que para o Rio Grande. Isso pode ser melhor demostrado com o mapa qualitativo dos sotaques Catarinenses. A propósito, gostaria de agradecer as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para chegarmos neste mapa.
If you talk about the Santa Catarinian culture it is very likely to hear about the strong influence of Portuguese fisherman in the cost and the gaucho culture in the rest of the estate. The latter case it is not necessarily true in many ways and that is what I want to demonstrate by a qualitative dialectical map below.
Ao invés de dividirmos o estado em dois, devemos olhar para ele como o estado Brasileiro que apesar de pequeno é o mais culturalmente diverso. Como resultado temos uma economia diversificada a ponto de ser o único estado que poderia existir autonomamente em relação aos recursos naturais e humanos.
In short, instead of dividing the state in two parts, people should bear in mind that although Santa Catarina is one of the smallest Brazilian states, it is the most culturally diverse. As a result, it has the most diversified economy in the country being considered the unique state that could exist autonomously.
Eu tentei desenhar esse mapa porque antes de me mudar para Florianópolis para dar continuidade aos meus estudos, eu não esperava sofrer choques de realidade tão grandes. É impressionante como as coisas podem mudar quando pulamos de uma área dialetal para outra. Na capital tive que aprender na marrar não apenas o conteúdo das disciplinas da universidade, mas também uma outra língua e ainda me adaptar com uma mentalidade diferente em relação a vida, trabalho, descanso, investimentos e etc.
I made this map because before my departure in 2001 to further my studies in Florianópolis, I wasn’t aware about the cultural shocks I would get by just crossing those different regions. It is crazy, but it is real. Besides the normal study workload at the university I also had to learn another language and adapt myself to a completely different mindset towards life, work, leisure, investments and so on.
A área vermelha é onde os tchôs e as tchoas estão no comando. Logicamente Fraiburgo está no epicentro do dialeto Fraiburguês. Vale notar que, em algumas partes, ele deixa de ser puro ao mesclar-se com o dialeto serrano de Lages e gringonês do oeste. Ainda, este sotaque está vinculado ao estado do Paraná até chegar em Curitiba como um R bem forrrrrte e a letra “E” de “gentE” sendo pronunciado como “E” e não como “I”. Sim, algumas palavras são emprestadas dos gauchês, mas mesmo assim não se utiliza por exemplo a palavra “Guri”. O correto é usar “piá ” ou “tchozinho” e assim vai…
Logically Fraiburgo is at the epicentre of the Fraiburguese dialect, which goes up north. It has some merging influences with the “Lageanês” (light blue) and the “Gringonês” (Green) but it is still predominantly self-contained. From my perspective, this region is much more connected to the state of Paraná and its capital Curitiba than to the state of Rio Grande do Sul where the gaucho culture prevails and what people claim that we tend to be gauchos.
No extremo oeste (verde), existe uma tremenda influência da colonização Italiana que chegou ao Brasil falando uma série de dialetos italianos que nem eles podiam se entender antes de usar o português. Nesse pedaço de chão a gringaiada aprendeu o português dando vida ao “gringonês” que funciona muito bem. Na outra área verde, no sul do estado, a colonização é também predominantemente italiana, mas dizem que não utilizam o gringonês puro de Chapecó. Por alguma razão desconhecida meus amigos de Criciúma, Tubarão se negam a falar comigo usando seu sotaque nativo de lá. Resultado, enquanto eu não visitar o lugar e ouvir o sotaque deles pessoalmente este dialeto é indeterminado.
In the westernmost part of the state we have strong Italian colonization and of course a strong Italian accent, which I call “Italo-Portuguese or Gringonese”. The word “Gringo” means foreigner. It is important to mention that many Italians came speaking different Italian dialects in the way they could not even understand each other before using Portuguese. The green area in the south is also Italian, but I still don’t know how they speak. As far as I am concerned, they have a different accent from the other green area. My friends from there refuse to talk to me with their original accent I don’t know why. For the time being it is classified as unidentified.
Pulando agora para a galera da área azul. Essa região é onde a cultura alemã com seu jeitão compassado deu origem a um português teutônico muito interessante, principalmente nas cidades de Timbó, Pomerode e Benedito Novo. Se tiverem a oportunidade de falar com alguém de lá, peça para eles falarem a seguinte frase. “Cara, comprei um jeep cara. É um LandRover novinho que eu uso só pra tacar nos areião” (Contribuição do Gedson Jung).
In the blue area we have a predominant German colonization that also added its contribution to change the Portuguese language, creating a sort of Teutonic Portuguese. Note that there is a clear separation from the red zone, which is somehow related to the mountains that divide these two peoples.
Finalizando, o sotaque da costa (Barriga Verde) é um português de pelo menos 500 anos. Barriga verde é um termo usado para designar os catarinenses de um modo geral no Brasil, porém, dentro de Santa Catarina esse termo é usado para o pessoal do litoral. O sotaque barriga verde tem as seguintes características:
- Soa cantado
- É muito rápido
- Frases curtas são repetidas
- É engraçadíssimo
- A conversação acontece um tom acima do tom normal.
- O tom desafina para cima no final das frases longas.
- As vogais tem um som diferente, meio fanho. Este som junto com o aumento do tom da fala da um efeito de “vogal tunada” especialmente em Florianópolis.
- A letra “R” segue o padrão francês.
- O verbos no tempo passado são – Cortasse – Trabalhasse – falasse , e etc.
- Infelizmente, está entrando em extinção devido as massas migratórias e motivos econômicos.
Bom pessoal, não deixem de comentar sobre suas experiências com relação a esse mapa para que a próxima versão seja mais precisa, eu vou continuar prestando atenção nas próximas mudanças pois é um tema no qual sou fascinado.
To conclude, the yellow accent is a 500 years old Portuguese from Azores island. The remarkable characteristics are:
- It sounds like bird singing,
- It is very fast
- They repeat a lot the short sentences
- It is very funny
- It runs one tone higher than the normal way of speaking.
- It gets out of the tone at the end of the sentence.
- It is slowly dying out due to economic and migration reasons, which is said.