Arquivo mensais:outubro 2011

Princípios arquitetônicos do Frai

Antes de mostrar as fotos dos prédios e falar sobre sua economia e infra-estrutura nos próximos posts é necessário entender pouco da arquitetura da cidade como um todo. Os princípios chaves que norteiam a arquitetura Fraiburguense foram extraídos com base na metodologia de engenharia reversa. Isto é, olhando para os resultados e o que existe, buscando as respostas para entender o que, como e porque as coisas são do jeito que são Lá no Frai. A conclusão deste levantamento de dados que já dura mais de 5 anos é a criação de um estilo arquitetônico novo que dá a liberdade de fazer o que se quiser onde quiser e com a preservação total da individualidade.

Abaixo está uma visão geral do conceito da arquitetura do Frai comparação com estilos já conhecidos, mostrando os elementos encontram seu lugar no espaço fraiburguense apontando para qualquer direção. Todos os elementos contidos são caracteres do teclado e não representam necessariamente o mapa da cidade ou quaisquer edifícios específicos, embora alguns possam parecer.



Como prova de conceito, a foto abaixo (tirada da frente da barraquinha da maçã) é o melhor ponto de vista da arquitetura “Lá no Frai”, nela podemos ver a emergência estilo. Olhando com cuidado, podemos também visualizar mais de 10 obras diferentes, incluindo igrejas, casas, edifícios e assim por diante. Isso retrata a diversidade de um povo não-homogêneo e um incrível senso individualizado de perfeição que une a todos.


Então, o que explica isso? Fraiburgo é uma cidade muito nova e que está alcançando seus primeiros 50 anos de emancipação em 2011. Diferentemente de uma a cidade culturalmente homogênea como “Treze Tilhas”, que fica a 60 quilômetros de distância e  predominantemente austríaca, Fraiburgo tem a cultural alemã profundamente enraizada no seu DNA e no seu próprio nome mas há uma mistura de elementos que a torna praticamente impossível definí-la como uma cidade de arquitetura alemã, embora ela seja visível nos principais pontos da cidade e em sua estrutura econômica. Fraiburgo, como o resto do país, especialmente no sul, é um caldeirão de culturas que foram transfiguradas pela língua Portuguesa da nova nação, criando assim uma nova raça, uma nova maneira de enxergar o mundo, novas expectativas de vida, novas formas de artes em um mundo novinho em folha. Em resumo, Fraiburgo é o resultado de atividades de “diversidade espontânea” algo gerador de valor humano muito raro em regiões de escravidão e monocultura. 

As principais características ou princípios da arquitectura Lá no Frai “tchozina” são os seguintes:

  •  A cidade é nova, é como uma caixa de areia onde as coisas podem ser mudadas rapidamente assim como está acontecendo recentemente.
  • A individualidade é mais importante do que a economia de escala na visão dos habitantes. Qualquer tentativa para serializar edifícios sofrerá repressão social. Casas juntas, por exemplo, são chamadas chamadas de “pombal” e o pessoal faz graça com isso. Algumas casas podem ter a mesma planta (estilo), porém elas serão colocados em diferentes regiões da cidade. Caso elas ficarem próximas, como em habitações populares, serão pintadas com cores totalmente diferentes incluindo cores exóticas. Por causa disso é muito fácil de encontrar e memorizar lugares sem GPS. Como um Fraiburguese na Holanda foi um pesadelo encontrar os lugares onde tudo é padronizado 🙂 lá no frai não é assim e nem nunca será.
  • Fins de semana são o melhor momento para os fraiburguenses visitarem a cidade para se certificarem de que ninguém mais tenha copiado o jeito da sua casa. Isso é competitividade e incentivo a criatividade.
  • Os pontos cardeias não são muito relevantes, as construções podem ser colocadas apontando para todos os sentidos sem problemas. É mais importante uma boa aparência de acordo com o pedaço de terra que você tem pois a cidade tem muitos morros. As pessoas não falam sobre os pontos cardeais, talvez por não ser uma ilha e nem grande o suficiente para tal.
  • Muito poucas construções possuem sistemas de isolamento térmico para manter o frio do lado de fora. As pessoas não sabem por que isso acontece. Eu também não entendo porque, em um lugar tão frio as novas construções ainda são feitas como casas de praia. Alguns dizem que é por causa do preço, mas no longo prazo o morador gastará muito mais com eletricidade e medicamentos quando se fica pestiado (doente). Esse é um ponto que precisa ser discutido não só em Fraiburgo, mas em toda a região subtropical do Brasil.

Bom por hora é isso, está foi apenas uma visão espacial de Fraiburgo estudada ao londo do tempo e não se considera uma teoria definitiva mas que explica até certo ponto a realidade. 

Contagem regressiva, Natal

Queridos amigos, até o final de outubro, a sensação e sentimento de Natal começam a aflorar, a temperatura fica vez mais quente, as cidades começam a se aprumar para as celebrações natalinas. Cada cidade tem sua própria decoração e Fraiburgo, claro, tem uma das mais agradáveis ​​e bonitas da região. Esta foto foi tirada ao lado da Rodoviária em 2007 (se estou certo). Este é o boneco de neve mais legal do verão, 100% reciclável feito com garrafas pet e muita criatividade. Eu gostei! Parabéns aos autores.


A propóstico, o pessoal do hemisfério norte considera a neve um dos itens mais importantes do Natal, mas acredito que isso é  apenas uma europeização da história. Na verdade, se Maria e José realmente tivessem Jesus com neve na estrebaria será que ele teria sobrevivido? O que eu sei é que o nosso natal é no verão com muitas peças lembrando a neve por mais estranho que isso possa parecer.

A Rota da Amizade

 

Parabéns pra turma da Rota da amizade. Estão fazendo um trabalho muito bonito e de divulgação turística da região do meio oeste de Santa Catarina. Sempre tem coisa interessante no blog http://rotadaamizade.wordpress.com/  ou no modo interativo, Facebook – http://www.facebook.com/rotadaamizade é uma boa para quem quer visitar a região, divulgá-la ou para os que estão espalhados pelo mundo e querem saber das novidades da nave mãe. Encontrei este trabalho de pelo eco das conversas das pessoas. Quando vi mais de perto gostei muito, pois  alguém precisa plantar a semente das ideias para que se tornem frutos em forma de novidade, essas novidades que nos ajudam a desenhar e dar contorno aos sonhos que virarão realidade 🙂 Toda essa região é resultado do sonho de muitos que por ai passaram e deram o melhor de si. Parabéns de novo!

Talentos Fraiburguense

Talvez eu esteja equivocado, mas tenho percebido que vários Fraiburguenses vêm despontando como profissionais altamente qualificados e de talento reconhecido não só em países como USA, Suíça, Alemanha, Canadá, Japão, França, Holanda, Austrália, Nova Zelândia, mas também em várias partes do nosso hierarquicocrático Brasil, o que é uma grande façanha. 

Então, o que ou quem explica o sucesso desse pessoal que extrapolou as fronteiras da pequena cidade? Dentre as algumas razões, destaco a fusão de diversas culturas, a dieta a base de maçã nas escolas públicas (verdade) e principalmente a dedicação incondicional de muitos pais e professores que, na medida do possível e de maneira quase anônima, desempenharam suas funções acreditando cegamente na importância da educação dos pequenos. Consciente ou inconscientemente sabiam que investir em educação é sobre tudo:

  • Investir nas pessoas e acreditar nelas, pois as coisas são apenas as coisas;
  • Pensar no longo prazo (pelo menos 20 anos a frente);
  • Lutar contra o status quo, a incredulidade e as inseguranças;

Como resultado, podemos dizer que Fraiburgo é uma cidade exportadora de maçãs (cultura em decadência) e talentos (cultura em ascendência). Fico sempre muito feliz em receber notícias cada vez mais surpreendentes dessa galera que vem pegando firme no desenvolvimento da cidade e do país. Uma vez  já que a cultura da maçã está se descolorindo, outras fontes de riqueza precisam ser urgentemente reconhecidas e exploradas.

Abaixo está uma singela demonstração do talento Fraiburguense nas mãos de Laís Frey, uma pessoa extremamente dedicada e que, com muito mérito, está conquistando seu espaço e admiração mundo a fora. Se um dia puderem escutá-la ao vivo, não percam a oportunidade. Aqui vão os meus parabéns a ela por suas últimas conquistas (ver link – Rota da Amizade), valeu Laís. 

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=kPpufDWK9-c&feature=related]

Os protagonistas

Uma nova categoria foi criada no blog para comentar sobre as pessoas (protagonistas) que constroem e dão vida à cidade com seus pensamentos e ações. Da televisão aprendemos a amar e a dar os créditos a coisas estranhas, lugares estranhos e a pessoas que nunca existirão fora de lá. Por isso, aqui eu gostaria de fazer algo diferente. Gostaria de dar os créditos as pessoas que trabalham lado a lado com a gente para desenhar a vida mesmo sabendo que um dia ela se descolorirá…

A propósito, alguém sabe quem cuidou das flores e/ou fez o desenho do Maurício de Sousa?

Nos fundos da casa da cultura 2010

Mapa dialetal de Santa Catarina

Falando com as pessoas sobre a cultura de Santa Catarina, é muito comum ouvir algo dos manezinhos do litoral e da cultura gaúcha do resto do estado, a qual eu discordo prontamente porque apesar do chimarrão o meio oeste de Santa Catarina está voltado muito mais para o Paraná do que para o Rio Grande. Isso pode ser melhor demostrado com o mapa qualitativo dos sotaques Catarinenses. A propósito, gostaria de agradecer as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para chegarmos neste mapa.

Click to enlarge / Clique para aumentar

 Ao invés de dividirmos o estado em dois, devemos olhar para ele como o estado Brasileiro que apesar de pequeno é o mais culturalmente diverso. Como resultado temos uma economia diversificada a ponto de ser o único estado que poderia existir autonomamente em relação aos recursos naturais e humanos.

Eu tentei desenhar esse mapa porque antes de me mudar para Florianópolis para dar continuidade aos meus estudos, eu não esperava sofrer choques de realidade tão grandes. É impressionante como as coisas podem mudar quando pulamos de uma área dialetal para outra. Na capital tive que aprender na marrar não apenas o conteúdo das disciplinas da universidade, mas também uma outra língua e ainda me adaptar com uma mentalidade diferente em relação a vida, trabalho, descanso, investimentos e etc.

A área vermelha é onde os tchôs e as tchoas estão no comando. Logicamente Fraiburgo está no epicentro do dialeto Fraiburguês. Vale notar que, em algumas partes, ele deixa de ser puro ao mesclar-se com o dialeto serrano de Lages e gringonês do oeste. Ainda, este sotaque está vinculado ao estado do Paraná até chegar em Curitiba como um R bem forrrrrte e a letra “E” de “gentE” sendo pronunciado como “E” e não como “I”.  Sim, algumas palavras são emprestadas dos gauchês, mas mesmo assim não se utiliza por exemplo a palavra “Guri”. O correto é usar “piá ” ou “tchozinho” e assim vai…

No extremo oeste (verde), existe uma tremenda influência da colonização Italiana que chegou ao Brasil falando uma série de dialetos italianos que nem eles podiam se entender antes de usar o português. Nesse pedaço de chão a gringaiada aprendeu o português dando vida ao “gringonês” que funciona muito bem. Na outra área verde, no sul do estado, a colonização é também predominantemente italiana, mas dizem que não utilizam o gringonês puro de Chapecó. Por alguma razão desconhecida meus amigos de Criciúma, Tubarão se negam a falar comigo usando seu sotaque nativo de lá. Resultado, enquanto eu não visitar o lugar e ouvir o sotaque deles pessoalmente este dialeto é indeterminado.  

Pulando agora para a galera da área azul. Essa região é onde a cultura alemã com seu jeitão compassado deu origem a um português teutônico muito interessante, principalmente nas cidades de Timbó, Pomerode e Benedito Novo.  Se tiverem a oportunidade de falar com alguém de lá, peça para eles falarem a seguinte frase. “Cara, comprei um jeep cara.  É um  LandRover novinho que eu uso só pra tacar nos areião” (Contribuição do Gedson Jung).

  •  Soa cantado
  • É muito rápido
  • Frases curtas são repetidas
  • É engraçadíssimo
  • A conversação acontece um tom acima do tom normal.
  • O tom desafina para cima no final das frases longas.
  • As vogais tem um som diferente, meio fanho. Este som junto com o aumento do tom da fala da um efeito de “vogal tunada” especialmente em Florianópolis.
  • A letra “R” segue o padrão francês.
  • O verbos no tempo passado são – Cortasse – Trabalhasse – falasse , e etc.
  • Infelizmente, está entrando em extinção devido as massas migratórias e motivos econômicos.

Bom pessoal, não deixem de comentar sobre suas experiências com relação a esse mapa para que a próxima versão seja mais precisa, eu vou continuar prestando atenção nas próximas mudanças pois é um tema no qual sou fascinado.

O Dialeto Fraiburguês 03

Os sotaques e expressões populares são bombas de cultura concentrada que espalham estilhaços em todas as direções…

Já que o google não é capaz ainda de traduzir nosso dialeto, vou fazer uma tradução aproximada das frases enviadas pelo Fábio Faquin. Obrigado pela contribuição. Tive que pesquisar algumas palavras e peço desculpas por erros de interpretação. Se alguém quiser fazer outras interpretações fiquem a vontade para entrar na roda.

Hóme do céu…
Não da pra ficá “se bostiando”… tende juntá a “catrefada” e campiá umas palavra de “revesgueio”. Ponheiei aí… antes que alguém fique “invaretado” … É bom dar os créditos certo pra não “ingrupi”ninguém, mas sem “inticá”os piá, senão vai dá o maior “intrevero”. Vai ficá ïntuiado”de palavra.


Amigo,
Não podemos nos “dar ao luxo de não fazer nada”. Temos que reunir o “pessoal” para buscarmos outras palavras que estão por ai a nossa volta. Coloque-ás no lugar certo antes que alguém fique reclamando. É bom atribuir os créditos para que nínguem seja enganado, no entanto cuidado para não provocar nínguem se não teremos uma grande discussão. Em breve teremos muitas palavras.

“Má largue mão Hóme… seje bobo… Ahh se fizer frio tem que “pidi” uma “Japona”… não vai ficá pestiado… hahaha.. .Tem muitas expressões… da pra se ïntertê” tipo bixo…”
Então amigo, não percas tempo, não sejas tolo. Se fizer frio, pedirei uma jaqueta para não adoecer. Com todas esssas expressões podemos nos divertir muito!

English Brazilian Portuguese Fraiburguese – Fraiburguês
Anything of poor
quality that breaks when needed or has lower quality when compared to something that belongs to you.
Qualquer coisa que não funciona quando se precisa ou  tem qualidade inferior a alguma coisa que você possua. “Bichera!”
Ex. “Esse carro é uma bichera!”.
Aquilo é uma Bichera nem perda tempo!
Get out of the bus Sair do ônibus Apiá do ônibus.
*Também se usa para sair do cavalo.
Sudenly Instantaneamente De vereda
* O tchô deu um susto ne nóis quando entrô de vereda na combi. Ai falei “se enchergue home, óie que te prego a mão no ovido“.
(to rindo sozinho)
Watch out! Preste atenção Se ligue piá!
Don’t be stupid! Não seja tolo! Seje bobo!
No way De jeito nenhum. Mascredo (piá, tchô ou muié).*Não aceita a palavra tchoa.
I ask Eu peço Eu pido!
*Vai no mesmo embalo do eu mido.O indivíduo que pede muito é conhecido como piduncho!
Ex. Mas é um piduncho véio mesmo esse tchô!
Go shopping Fazer compras no mercado Fazê o rancho!
(sugestão – Odair da Silva)