Arquivo mensais:dezembro 2011

Largando mão de 2011 fazendo 50 anos

Olá amigos,

Como muitos de vocês já devem saber, o Fraiburguense padrão ao invés de parar de fazer algo ele(a) geralmente “larga mão” de fazer algo. Nesse sentido, a cidade está largando mão do ano de 2011 ao mesmo tempo em que celebra o seu aniversário de 50 anos. Fazem algumas semanas que a prefeitura vem organizando uma série de eventos, mas infelizmente não pude estar presente. Mesmo assim, gostaria de fazer uma singela contribuição a cidade, não quero dizer “homenagem” porque aqui ela tem duplo sentido.

 Primeiramente no seu sentido original, a palavra homenagem se refere a um agradecimento público em ato de gratidão por algum favor que fora prestado a alguém. Porém, aqui em Fraiburgo é sempre preciso tomar muito cuidado com o uso da expressão “fazer uma homenagem” porque ela pode ser facilmente entendida como “Fazer fiasco, cometer gafe, mandar mal, viajar na maionese, estragar alguma coisa e assim por diante” a pessoa que faz homenagem é chamada de fiasquenta e a que recebe “homenageada”. 

Para ser pragmático vamos aos exemplos do sentido Fraiburguense.

  • “Mas não me diga que os piá vão se taca lá pra fazê homenage”
  • O pai chega em casa e vê o leite derramado no chão da cozinha e logo dispara – “Quem fez essa homanage?”
  • Em uma conversa entre dois piá, um diz para o outro “viu, não acarque ai nesse botão pra não fazê homenage”.

Largando mão da parte linguística, segue as fotos de um dois símbolos da cidade a nossa querida patrola (moto-niveladora):

Patrola 

Talvez essa seja a única patrola como monumento histórico no mundo, um símbolo de progresso através da abertura de ruas e estradas em um passado distante onde até a água encanada era uma objeto de desejo das famílias. Assim, seguem algumas perguntas deve respondidas pelas próximas gerações:

  • Qual será o novo símbolo de desenvolvimento de Fraiburgo para os próximos 50 anos?
  • Teremos uma praça para lembrar a maçã assim que esta cultura for aposentada como a patrola?
  • Qual valor que atribuímos aos nossos componentes históricos e porque eles são importantes?
  • Se quisermos crescimento porque não aterramos o lago da cidade para fazer mais e mais casas? (isso era uma coisa que eu cheguei a ter medo de acontecer). Para ajudar na reflexão, queria dizer que na pracinha da patrola existem duas homenagens, a patrola em si com a placa memorial e um bar nos fundos que, com muita dificuldade, consegui excluir da foto (“quem fez essa homanage?”)

Bom pessoal, era isso. Fraiburgo chega com prosperidade ao seu primeiro cinquentenário e vamos continuar o trabalho (mesmo que remotamente) para que os próximos 50 sejam tão bonitos quanto a diversidade, a história e o jeito de Fraiburgo. Feliz aniversário Fraiburgo, o lar dos Fraiburguenses. 

Um Feliz natal do “LánoFrai”

Galerinha,

Gostaria de desejar um feliz natal a todos e agradecer pelas contribuições, discussões, risadas e tudo mais que aconteceu nesse primeiro ano do blog “Lá no Frai”. Aprendi muito com vocês (desculpem não citar nomes) e espero que outras pessoas também sintam-se motivadas a estudar, entender e descrever coisas interessantes sobre esse pedacinho do mundo que causa saudades nas pessoas independentes de onde elas estejam…

Um grande abraço

Joni

Artesanato Fraiburguense

Artesanato Fraiburguense

Uma linda casa em tempo de natal

Fraiburgo tem muitas casas bonitas, mas uma delas se destaca pela sua simplicidade, tranquilidade, proporcionalidade, estética e vários outros adjetivos que ligam o sentimento e ser e estar em Fraiburgo. Pra mim esta talvez seja umas das melhores amostras de como são ou pelo menos eram muitas construções nesta região. Se esta casinha falasse, não tenho dúvidas que teria um sotaque Fraiburguês lindo de ouvir. Também, apesar de pequenos os detalhes de natal, eles não passaram desapercebidos. Parabéns aos donos pelo capricho e por deixar esse mundo um pouco mais bonito, simples e sem muralhas.

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Segue os comentários de Evanderson Marques recebidas no facebook que monta mais um pouquinho da história do Frai. Obrigado pela contribuição Evanderson.

Galera, esta é a residência do Sr. Mário Antônio Marques o primeiro policial militar do Frai, na época que o Frai ainda não era Frai… O seu Mário Policia como é conhecido no Frai ainda ajudou na construção do Clube Fraiburguense, do Estádio Macieirão, da primeira casa de alvenaria do Frai e foi também o primeiro juiz de Futebol da cidade, já foi jardineiro da Prefeitura Municipal de Fraiburgo e do Hotel Renar. A pessoa responsável pela decoração é a Sra. Maria das Dores Marques. Esta é uma parte da História da Minha Família, Obrigado Vô Mário e Vó Maria por serem Tão Importantes para a Construção deste maravilhoso município.

Traduzir “saudades” é fácil, tenta traduzir “Bardoso”

Apesar de ser um conceito facilmente utilizado e interpretado pelas pessoas “fraiburgófonas” (falantes do Fraiburguês),  “Bardoso” é uma das palavras mais difíceis, pelo menos até agora,  de traduzir do Fraiburguês para o Português, pois é um termo que remete a um estado de espírito profundo, um jeito de ser ou estar bastante comum e sem uma palavra equivalente no universo lingüístico conhecido, nem “manhoso(a)”, “dengoso(a)”, “mandrião(ona)” ou mesmo “teimoso”, juntos se equivalem a um “bardoso” bem pronunciado e contextualizado.

Pois bem, Bardoso é um adjetivo. Ex. “O piá é bardoso” ou “piá bardoso”. Raramente se vê este adjetivo flexionado no plural. Ex. “Vocês são uns bardoso”. Bardoso se refere ao sujeito do tipo tchô, tchoa (bardosa), piá ou menina que tem preferência à posição horizontal ou escorada em alguma coisa para evitar, sempre que possível, a fadiga. Estes indivíduos são otimizadores de recursos físicos por natureza, gerando quase um estilo de vida atônomo. Má vamo se combiná, quem de tanto não gostaria de levar uma vida bardosa?

Diferentemente de “dorminhoco(a)” que não se usa no diminutivo (dorminhoquinho(a)), existe o “bardosinho e a bardosinha” para indivíduos (pessoas ou animais) de pequeno porte ou muito dengosos. Ex. Um tchô pode identificar o mais preguiçoso de uma ninhada como o bardozinho – “Ó tá vendo que aquele bardozinho alí?”. Ainda, o antônimo (oposto) de bardoso é “atentado”. Ex. “Home do céu, aquele piá é atentado… dzulivre…”

Bardosos tem as seguintes características existenciais:

– Auto-estima elevada, que pode ser confundida com falta de vergonha;
– Surdez seletiva que permite ouvir apenas o que se quer e bloquear chamados;
– Preguiça ou desinteresse de fazer alguma coisa que foi ordenada;
– Jeito manhoso e dengoso (alguns casos), podendo até ser chamado de “jaguarinha” (essa é outra palavras difícil de explicar)

Bardoso não existe nos dicionários mais abrangentes da língua portuguesa, se acharam me avisem! Etimologicamente falando, o que parece, no entanto, é que antes ser definitavamente incorporado ao idioma de Fraiburgo, ele já era usado como adjetivo para os cavalos (baldoso), mas como em Fraiburgo tudo que tem “L” vira “R” temos também  (culpa = curpa, malvado = marvado, folgado = forgado) e assim por diante.

De sua origem, até onde sei, existem duas frentes.

Primeira,
Eu lembro que meus primos diziam para não deixar o cavalo (petiço) comer o mato enquanto ele estivesse nos esperando, se não ele iria ficar bardoso (mal acostumado). Bardoso é alguém com barda, “não de barda para não ficar bardoso”. 

Segunda,
O termo é usado para identificar qual cavalo trabalha menos e faz mais pose quando precisa puxar a carroça. Com o tempo o cavalo bardoso percebe que se ele parar de fazer força o outro cavalo fará o esforço compensatório para dar conta do trabalho, ao passo que ele só faz pose e caminha normalmente. O tchô que os coordena, por sua vez, precisa ficar de olho para o rendimento da carroça. Isso serve também para os gestores de empresas que precisam gerenciar suas empresas por indicadores ara detectar o bardosismo na empresa, o que em alguns casos pode ser contagioso.  Em resumo, “bardoso é um sujeito que não se sujeita”.

Seguem alguns exemplos contextualizados:

Tentando tirar alguém da cama sem sucesso:

– “Mazé um bardoso mesmo”. Em resposta, o bardoso(a) apenas vira pro lado e continua capotado.

Negociado um grupo de trabalho na universidade.

– Vocês vão pegar o tchô tal (notoriamente bardoso) para o grupo de vocês.
Resposta
– Mas pare home!!! esse tchô é muito bardoso – Largue mão!!!

Mais exemplos? só no Frai mesmo…

Finalizando, ainda existe também o verbo “bardozear”. Ex: “Estávamos só bardozeando”
e o advérbio “bardozamente”. Ex: Eles caminham bardosamente ao redor do lago”.

 

Reminiscências dos Natais Fraiburguenses

Revirando o acervo da família, olha só o que surgiu…

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Deu uma saudades profunda dessa época que a gente ia com os pais (em Fraiburguês “copai e camãe”) ver os barcos iluminados de natal no lago das Araucárias.

Essa era a feliz vida de piá nas redondesas do interior de Santa Catarina entre as décadas de 80 e 90… Hoje muita coisa mudou na cidade mas acredito que o jeito do pessoal lá no Frai continua o mesmo no final de todos os anos…. 

Um Fraiburguense sonhador em São Paulo

Primeiro dia
– A cidade é grande e tem rios pretos plasmático que ninguém caminha nas suas margens. O dialeto é estranhU meuuuu 🙂 O pessoal aqui não entende a expressão “Dae Beleza?” eles usam “e ae beleza?” nunca pensei que isso pudesse fazer diferença…

Depois de tomar alguns ônibus, trens, metrôs e caminhar muito cheguei a algumas constatações:

  1. Aparentemente SP é maior do que Fraiburgo como mostra a figura abaixo.
  2. A USP é gigantesca, quase to tamanho de Fraiburgo a diferença é que em Fraiburgo não existe greve de estudante se não eles iriam todos pro laço.
  3. A arborização do campus é riquíssima e mesmo assim um estudante tentou matar uma árvore de uns 200 anos com seu carro de luxo mas perdeu, não tirou nem a casca da vítima e o carro de luxo virou uma lata velha. E se essa árvore fosse uma pessoa? Deve ser por isso que querem a PM fora, não ligaram pra ninguém a não ser para o seguro trazer o guincho.
  4. A arquitetura do prédio do departamento de arquitetura é surpreendentemente fantástico.
  5. Alguns projetos de ciclovias estão nascendo (muito bom) mas ainda há muitos motoristas como o carinha da USP.

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Segundo dia
– “Ser um zé ninguém em São Paulo é moleza, agora tenta ser um em Fraiburgo pra ver se deixam…”

– “Porque as árvores e muros competem tão bravamente?” –  “São Paulo a terra da disputa”.

 

Museo da língua portuguesa com arquitetura Britânica – Claro,  foram sempre aliados
– Será que aqui eles conhecem o Fraiburguês official?
Resposta
– No mapa de falares Brasileiros, o mais próximo do Fraiburguês,  foi um alemão de Pomerode falando “Tchau” em Francês!!! o que? É verdade…muito estranho.

“A língua é um mistério sobre o qual vale a pena debruçar-se e refletir” (sem autor)

A história, das estruturas e formas de uma língua é inseparável da história do seus falantes, e da história daqueles que herdaram, modificaram, e reciclaram ela ao longo do tempo…


Terceiro dia
– O Fraiburguense saiu para caminhar com um papel e uma caneta para capturar insights – Sim, é possível ver a lua e o céu em SP…Perigoso? não pois ninguém rouba caneta, papel ou livros. Se tivessem interesse nisso não precisariam roubar pois estariam perdendo seu tempo criando coisas novas.

“Conhecimento não se troca – se constrói”

Como tem gente estranha e diferente nessa AV. Paulista…aqui nem gêmeos são iguais…inacreditável – Muito massa, é inspirador! (Muito massa = mó legal) Muvuca em em Fraiburgo se chama entrevero de gente! 


Quarto dia
– Enquanto não desenvolvermos um sistema informações que realoca as pessoas de maneira colaborativa para que vivam mais perto de seu trabalho, todas elas terão que se transportar de algum modo e se cruzar todos os dias nas ruas dos seus destinos. Enquanto esse dia não chega, o que nos resta é deixar as que sementes (ideias) voem com vento (internet) e encontrem terreno fértil no coração de pessoas que querem reinventar suas vidas, suas cidades e o mundo” Essa é a visão de Fraiburguense sonhador em São Paulo 2011 um lugar que ninguém mora perto como em Fraiburgo. Abaixo um video que traduzi e dublei porque achei muito inspirador. Ele conta a historia das ciclovias Holandesas e espero que possa servir para o desenvolvimento de Fraiburgo e de todo resto do país. Se gostar compartilhe!

Fourth day
– Until we do not develop a system that relocates people in a collaborative way to live closer to their work, they all have to commute and cross each other on the streets of their destiny. What remains is to let seeds (ideas) fly with the wind (Internet) and find fertile ground in the heart of people who want to reinvent their lives, their cities and the world ” A a dreamy vision of Fraiburguense Sao Paulo in 2011. Below is a video that tells the inspiring story of Dutch cycling and I hope they serve to develop Fraiburgo and all the rest of the country. If you like to share it! The English video is here  http://hembrow.blogspot.com/2011/10/how-dutch-got-their-cycling.html

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=l1a_USVlXSE]


Quinto dia
-E se todos esses prédios fossem flores?
Fifth day
– What if all these buildings were flowers?

– Jogar lixo no chão não é falta de educação – é a educação que tiveram…não é só aqui que recebem essa edução que se cristaliza num hábito.
– To throw the rubbish away is not lack of education, it is the education they have got and it is not unusual.

– Bairro da liberdade – Dizem que é o bairro dos japoneses mas tinha muito chinês e Koreano lá. Depois não querem que nós fiquemos confusos dizendo que são tudo a mesma coisa. A propósito, avistei uma moça cantando música japonesa em tons e rítimos áureos. Difícil não se apaixonar em poucos minutos de exposição ainda mais um fraiburguense indefeso.


Sexto dia
– Precisei desabilitar o módulo cerebral de reconhecimento de faces devido ao desgaste cognitivo e improbabilidade de encontrar conhecidos…Agora sinto que as pessoas parecem apenas bonecos de diferentes tamanhos, cores e sotaques. Me vejo como um deles, mas com um sotaque irreconhecível que parece ser do sul…
Sixth Day
– I need to disable the brain module responsible for face recognition to save cognitive energy. It is very unlikely you will find somebody known here…Now I have the feeling that people are just like dolls of different sizes, colors and accents. I see myself as one of them, but with an unrecognizable accent that seems to be from the south…


Sétimo dia
– Parece que tem carros 1.0 com businas 2.0 turbo! Em SP tudo é possílvio!
Seventh day
– It seems that the engine of the cars here are 1.0 while the horn is 2.0 turbo engine! In SP everything is possible!

Hoje descobri que os Paulistas não conhecem a palavra “Patrola”. Que estranho né, como as pessoas podem viver a vida toda sem saber disso? um símbolo eleitoral nacional 🙂 lá em Fraiburgo temos até a praça da patrola! hehehe que mundo…Tá ai na foto uma patrola bonitinha para os que não a conhecem!
Today I discovered that the people from São Paulo did not know the word “bulldozer”. How strange! How can people live their entire lives without knowing it? a national election symbol:) In Fraiburgo, for instance, we have the bulldozer square!  hehehe … a bulldozer picture for those who do not know it!


Oitavo e último dia
Aqui o idioma oficial é Corinthianês, amplamente utilizado nas ruas e avenidas por São Paulinos, Palmerenses e etc. As frases devem sempre começar e terminar como “meu” como “câmbio” nas conversas de rádio. A expressão “mano” é também muito utilizada mano, tá ligado mano? é curithiá mano! Também se fala “treta para um problema” ex. Que treta meu! A advérbio “muito” aqui é “mó”. Ex Mó legal meu! em português seria “muito legal” em lá em Fraiburgo seria “De legal, tchô”. Continuando, aqui se fala também “Rachar o bico” para dar risada de algo. Para um Fraiburguense isso soa com se você estivesse martelando o bico de uma galinha, pato ou sei lá…em Fraiburguês o equivalente é “se mijar de rir ou se partir” ex. Eles escuitaram (do verbo escutar) a anedota e tavam se partindo (se mijando de rir). Se usa bico em Fraiburguês para pedir silêncio “feche o bico, piá”.

Mudando de assunto, tenho notando que falar do transito é mais frequente do que dizer “bom dia, boa tarde e boa noite” e olha que o pessoal aqui é cortês, pelo menos os que conheci até agora (vou sentir saudades). Bom, hoje tá fazendo um solzinho com um pouco de frio e vou averiguar se eles sabem o que é “dar dar uma lagartiada” hehe

No English translation for this text which is related to Portuguese accents and very specific feelings and expressions.

De volta a tímida, despovoada e ingenua Santa Catarina, lugar onde as coisas parecem artesanais e os espaços em branco ainda existem no som, tempo e no espaço. De São Paulo sentirei falta do jeito cativante das pessoas e da Brasilidade sinestésica…
Back in the shy, naive and uninhabited Santa Catarina, where things seem to be crafted and there is still blank spaces between them, the same for the noise, time and space. From São Paulo will miss the captivating people and kinesthetic center of the Brazilian culture…