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Seca no Frai

Nesses últimos dias Fraiburgo está linda, as árvores coloridas e as temperaturas agradáveis (por lo menos por enquanto). Abaixo está o carro de um tchô comprometido com os pedidos da comunidade para evitar o esbanjamento de água (desperdício). Não pude deixar de compartilhar. Antes da foto a frase tinha um errinho de Fraiburguês na palavra “PARTE”, faltava o acento agudo no “R”. Agora, olhando com mais calma notei que ainda está faltando um acento circunflexo “^”. O Fraiburguês culto, foneticamente falando, permite que algumas palavras tenham duas silabas tônicas como em “paRtê – “quaNtÔ” – “verdAdÊ” e assim por diante. Piazada, vamos cuidar dos desperdícios! Chega de tomá banho hehe opa, nem taNtô!

Cadele o Michuim?

Lá no Frai é assim…terra do Michuim.

Mas o que é o Michuim? É um dos pratos mais típicos do Frai que veio que surgiu na decada de 60 graças aos imigrantes Franceses Argelinos. Segundo o NossoJornalSC  “eles não imaginavam que a tradicional ovelha assada inteira na brasa cairia no gosto dos fraiburguenses e se tornaria o prato típico do município”. Os Fraiburguenses agradeçem a inovação 🙂

Michuim sendo preparado no Hotel Renar – fonte NossoJornalSC

Foi de sartá butiá dos borso

Vi a imagem abaixo circulando pelas redes sociais e mesmo tendo uma semana que foi de sartá buitá dos borso não pude deixar de publicar mais essa obra clássica do dialeto Fraiburguês puro e revisado. Quem gostou ou já esteve nessa situação compartilha 🙂 hehehe

Sabado lá no Frai…(Michel Tchôló)

Piazada,  a febre do “ai se eu te pego” do Michel Tchôló no Brasil foi o fim da picada mesmo, dZulivre…quanta gente falando disso e sarniando ? Quando escuitei duas versões da música em Holandês, cheguei até a ficar ressabiado achando que as previsões do fim do mundo estavam certas e negadinha do butía ia se acaba tudo. Daí o tempo passo e nada aconteceu…porque será decerto? Acho tava faltando apresentar pro mundo a versão original da música tunada escrita em Fraiburguês clássico por volta de 1674 por um Padre Michel Tchôtelonista que estava de passagem pelo campo da dúvida (Primeiro nome de Fraiburgo).

  A propósito, de difício que é escrevê em Fraiburguês sem correção do word, dando uma negaciada meio diansim no texto meio co canto de zóio parece que ta errado e mas ta loco de bom…se você entendeu o que estiver escrito e ou fala eu “se divirto” por favor da um clique no curtir no lado direito da página 🙂

A diplomacia tchozina – negociação em Fraiburguês

Neste episódio, ocorrido lá no Frai em algum tempo não muito distante, vemos com clareza a natureza sendo desafiada por um Tchô destemido e valente. Seu provável nome “Alcides” mas que atende por “Arcide”.

Seu objetivo

Atravessar o rio mansinho a todo custo pois a honra é a mãe de todas as conquistas…

Seu lema:

Eu vô passa alí nem que eu caia lá pra baixo“.

Contexto

Chuva forte no Frai com transbordamento do rio mansinho. O perigo era grande e a imprevisibilidade também. Poucos são os Fraiburguenses que já viram o “rio mansinho” tão agressivo como neste dia. 

Resultado

Graças as habilidades diplomáticas e agilidade linguísticas do autor do vídeo, uma vida Fraibuguense foi economizada e a lei de Darwin contrariada. Parabéns ao Marcos pelo sucesso na negociação e obrigado por compartilhar esse retrato visual típico do ser Fraiburguense e do sotaque Fraiburguês (pegou até os tradicionais “Curicacas”). Não temos dúvida de que se outro dialeto fosse usado, o desfecho da história seria outro. Talvez o Arcide não se acadelaria e teria que ser resgatado pelos bombeiros lá pra baixo. Vai saber…

Segue o vídeo e a tomada de decisão gerencial tomada no minuto 3.15 hehehe.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=HuVR2W7krg0]

Mas de que jeitOO? – entonação na letra “O” e o “J” bem pronunciado. Boca em formato de sorriso tímido.

Tá bem loco para passá! = Estar com uma vontade acima da média de passar o rio! 

Daonde = De onde

O mais perigoso é a correnteza que tem ali – Nós também achamos seja isso.

Home – A palavra no final de várias sentenças para a conversa viva.

Mas dadepassá = É possível fazer a travessia.

Mas eu me tacava já na água ai home = Eu já estava em vias de entrar na água só não fui porque você me interrompeu “eu sou muito valente e você sabe bem disso e quero que as coisas fiquem bem claras entre a gente”

“Bamo conóis” = Vem com a gente.

“Vo botá na InternetÊ”   = Internet – Mesmo padrão de “CamionetÊ, kitinetTÊ, patinetÊ e etc”

“Capaes? “ = Sério?

A lei da palmanda vai vingar Lá no Frai?

A lei da “palmada” pode não afetar Fraiburgo. Lá no Frai ninguém nunca usou a palavra “palmada”, talvez até alguém tenha um dicionário Aurélio com ela, mas o fato é até o momento continua sendo uma coisa amplamente desconhecida.  Em vista disso, seguem as expressões mais próximas que usamos na laçoterapia dos piá bardoso:

“Vai já pro laço e/ou varinha”

 “O pau pega e não alivia”

“vai pra cinta”

“olha o chinelo”

“Te passo o chinelo já”

“Tapa na bunda”

E assim vai. No geral todas funcionam bem, tanto que aprendi a ler e a escrever :). Abaixo são mais algumas contribuições dos entusiasmados colaboradores fraiburguenses:

Agora fica a pergunta para reflexão, o Brasil não teria coisas mais importantes para discutir e decidir do que essa lei?

O Dialeto Fraiburguês 02

Uma vez que o forasteiro tenha aprendido e incorporado o dialeto Fraiburguês, este passará a perceber o seu mundo de uma maneira diferente, mais apurada, abrangente e precisa. Por padrão, todo Fraiburguense quando sai do Frai acaba notando a falta de precisão dos outros povos e esta seja talvez uma das grandes vantagens competitivas dentro e fora do país. Além disso, como muitas expressões são extremamente regionalizadas ao longo do país eles acabam aprendendo novas expressões dos lugares que perambulam, incrementando ainda mais sua avassaladora envergadura cultural-vocabular :).

Abaixo está uma pequena amostra do que foi elucidado anteriormente seguido de mais comentários:

Gritedo  = Substantivo que pode ser aberto, uma vociferação ou um berreiro (em Fraiburguês = berredo), gritaria, algazarra, barulhada, alarme, escarcéu. Ex. “Mas HOME tentei 3 veiz  í  lá na casa dela. Na úrtima veiz, uma véia do djanho abriu um gritedo por causa da minha bota embarrada, dzulivre tcho”.

Um táio = Uma fenda, abertura, descontinuidade, rasgo, rombo, lacuna, fissura, brecha, recorte.  Ex. “Você tinha que tê visto o tamanho do taío na perna do miserável”, “Ele levou um pacote quando tava de bici e abriu um táio na testa”. “Hoje vamo come pão com táio” (Sugestão – Jaqueline Nezi).

Largando mão de 2011 fazendo 50 anos

Olá amigos,

Como muitos de vocês já devem saber, o Fraiburguense padrão ao invés de parar de fazer algo ele(a) geralmente “larga mão” de fazer algo. Nesse sentido, a cidade está largando mão do ano de 2011 ao mesmo tempo em que celebra o seu aniversário de 50 anos. Fazem algumas semanas que a prefeitura vem organizando uma série de eventos, mas infelizmente não pude estar presente. Mesmo assim, gostaria de fazer uma singela contribuição a cidade, não quero dizer “homenagem” porque aqui ela tem duplo sentido.

 Primeiramente no seu sentido original, a palavra homenagem se refere a um agradecimento público em ato de gratidão por algum favor que fora prestado a alguém. Porém, aqui em Fraiburgo é sempre preciso tomar muito cuidado com o uso da expressão “fazer uma homenagem” porque ela pode ser facilmente entendida como “Fazer fiasco, cometer gafe, mandar mal, viajar na maionese, estragar alguma coisa e assim por diante” a pessoa que faz homenagem é chamada de fiasquenta e a que recebe “homenageada”. 

Para ser pragmático vamos aos exemplos do sentido Fraiburguense.

  • “Mas não me diga que os piá vão se taca lá pra fazê homenage”
  • O pai chega em casa e vê o leite derramado no chão da cozinha e logo dispara – “Quem fez essa homanage?”
  • Em uma conversa entre dois piá, um diz para o outro “viu, não acarque ai nesse botão pra não fazê homenage”.

Largando mão da parte linguística, segue as fotos de um dois símbolos da cidade a nossa querida patrola (moto-niveladora):

Patrola 

Talvez essa seja a única patrola como monumento histórico no mundo, um símbolo de progresso através da abertura de ruas e estradas em um passado distante onde até a água encanada era uma objeto de desejo das famílias. Assim, seguem algumas perguntas deve respondidas pelas próximas gerações:

  • Qual será o novo símbolo de desenvolvimento de Fraiburgo para os próximos 50 anos?
  • Teremos uma praça para lembrar a maçã assim que esta cultura for aposentada como a patrola?
  • Qual valor que atribuímos aos nossos componentes históricos e porque eles são importantes?
  • Se quisermos crescimento porque não aterramos o lago da cidade para fazer mais e mais casas? (isso era uma coisa que eu cheguei a ter medo de acontecer). Para ajudar na reflexão, queria dizer que na pracinha da patrola existem duas homenagens, a patrola em si com a placa memorial e um bar nos fundos que, com muita dificuldade, consegui excluir da foto (“quem fez essa homanage?”)

Bom pessoal, era isso. Fraiburgo chega com prosperidade ao seu primeiro cinquentenário e vamos continuar o trabalho (mesmo que remotamente) para que os próximos 50 sejam tão bonitos quanto a diversidade, a história e o jeito de Fraiburgo. Feliz aniversário Fraiburgo, o lar dos Fraiburguenses. 

Traduzir “saudades” é fácil, tenta traduzir “Bardoso”

Apesar de ser um conceito facilmente utilizado e interpretado pelas pessoas “fraiburgófonas” (falantes do Fraiburguês),  “Bardoso” é uma das palavras mais difíceis, pelo menos até agora,  de traduzir do Fraiburguês para o Português, pois é um termo que remete a um estado de espírito profundo, um jeito de ser ou estar bastante comum e sem uma palavra equivalente no universo lingüístico conhecido, nem “manhoso(a)”, “dengoso(a)”, “mandrião(ona)” ou mesmo “teimoso”, juntos se equivalem a um “bardoso” bem pronunciado e contextualizado.

Pois bem, Bardoso é um adjetivo. Ex. “O piá é bardoso” ou “piá bardoso”. Raramente se vê este adjetivo flexionado no plural. Ex. “Vocês são uns bardoso”. Bardoso se refere ao sujeito do tipo tchô, tchoa (bardosa), piá ou menina que tem preferência à posição horizontal ou escorada em alguma coisa para evitar, sempre que possível, a fadiga. Estes indivíduos são otimizadores de recursos físicos por natureza, gerando quase um estilo de vida atônomo. Má vamo se combiná, quem de tanto não gostaria de levar uma vida bardosa?

Diferentemente de “dorminhoco(a)” que não se usa no diminutivo (dorminhoquinho(a)), existe o “bardosinho e a bardosinha” para indivíduos (pessoas ou animais) de pequeno porte ou muito dengosos. Ex. Um tchô pode identificar o mais preguiçoso de uma ninhada como o bardozinho – “Ó tá vendo que aquele bardozinho alí?”. Ainda, o antônimo (oposto) de bardoso é “atentado”. Ex. “Home do céu, aquele piá é atentado… dzulivre…”

Bardosos tem as seguintes características existenciais:

– Auto-estima elevada, que pode ser confundida com falta de vergonha;
– Surdez seletiva que permite ouvir apenas o que se quer e bloquear chamados;
– Preguiça ou desinteresse de fazer alguma coisa que foi ordenada;
– Jeito manhoso e dengoso (alguns casos), podendo até ser chamado de “jaguarinha” (essa é outra palavras difícil de explicar)

Bardoso não existe nos dicionários mais abrangentes da língua portuguesa, se acharam me avisem! Etimologicamente falando, o que parece, no entanto, é que antes ser definitavamente incorporado ao idioma de Fraiburgo, ele já era usado como adjetivo para os cavalos (baldoso), mas como em Fraiburgo tudo que tem “L” vira “R” temos também  (culpa = curpa, malvado = marvado, folgado = forgado) e assim por diante.

De sua origem, até onde sei, existem duas frentes.

Primeira,
Eu lembro que meus primos diziam para não deixar o cavalo (petiço) comer o mato enquanto ele estivesse nos esperando, se não ele iria ficar bardoso (mal acostumado). Bardoso é alguém com barda, “não de barda para não ficar bardoso”. 

Segunda,
O termo é usado para identificar qual cavalo trabalha menos e faz mais pose quando precisa puxar a carroça. Com o tempo o cavalo bardoso percebe que se ele parar de fazer força o outro cavalo fará o esforço compensatório para dar conta do trabalho, ao passo que ele só faz pose e caminha normalmente. O tchô que os coordena, por sua vez, precisa ficar de olho para o rendimento da carroça. Isso serve também para os gestores de empresas que precisam gerenciar suas empresas por indicadores ara detectar o bardosismo na empresa, o que em alguns casos pode ser contagioso.  Em resumo, “bardoso é um sujeito que não se sujeita”.

Seguem alguns exemplos contextualizados:

Tentando tirar alguém da cama sem sucesso:

– “Mazé um bardoso mesmo”. Em resposta, o bardoso(a) apenas vira pro lado e continua capotado.

Negociado um grupo de trabalho na universidade.

– Vocês vão pegar o tchô tal (notoriamente bardoso) para o grupo de vocês.
Resposta
– Mas pare home!!! esse tchô é muito bardoso – Largue mão!!!

Mais exemplos? só no Frai mesmo…

Finalizando, ainda existe também o verbo “bardozear”. Ex: “Estávamos só bardozeando”
e o advérbio “bardozamente”. Ex: Eles caminham bardosamente ao redor do lago”.